Participando de um seminário sobre nativos digitais e letramento digital, eis minhas anotações/reflexões:
Um nativo digital é aquele que nasceu e cresceu com as tecnologias digitais (videogames, internet, telefone celular, mp3, ipod...) em seu dia a dia. Caracteriza-se principalmente por não necessitar do uso de papel nas tarefas com o computador.
Já o termo imigrante digital, é utilizado para definir as gerações anteriores, que viram essas tecnologias se desenvolverem, se solidificarem e se incluírem (as vezes contra vontade) em seu cotidiano.
Mas, ser nativo digital significa ser letrado digital?
Para responder à questão, precisamos saber a diferença entre alfabetizado e letrado:
Alfabetizado é aquele que adquiriu a tecnologia de escrita, sabe decodificar os sinais gráficos de seu idioma, mas ainda não se apropriou completamente das habilidades de leitura e escrita.
Letrado é aquele que enxerga além dos limites do código, faz relações com informações fora do texto falado ou escrito, se apodera de suas vantagens e participa efetivamente das decisões de sua comunidade.
E há vários tipos de letramento...
Então, um indivíduo pode ser alfabetizado e não ser letrado.
Um indivíduo pode ser nativo digital e não ser letrado digitalmente.
Para ser letrado digital, é preciso saber buscar informações na rede digital e, acima de tudo, saber avaliar as informações postas.
De acordo com Antonio Carlos dos Santos Xavier, doutor em linguística e professor na UFPE, o letramento digital se realiza no uso intenso das novas tecnologias de informação e comunicação e pela aquisição e domínio dos vários gêneros digitais (bate-papos por escrito, fóruns eletrônicos de discussão, comunidades virtuais, correio eletrônico, hipertextos...)
Segundo Tapscott, pesquisador americano, os nativos digitais, se forem orientados, tendem a desenvolver habilidades como:
- independência e autonomia na aprendizagem,
- abertura emocional e intelectual,
- preocupação pelos acontecimentos globais,
- liberdade de expressão e convicções firmes,
- curiosidade e faro investigativo,
- imediatismo e instantaneidade na busca de soluções,
- responsabilidade social,
- senso de contestação,
- tolerância ao diferente...
E o professor agora precisa ser:
- pesquisador, não mais repetidor de informação
- articulador do saber, não mais fornecedor único do conhecimento
- gestor de aprendizagens, não mais instrutor de regras
- consultor que sugere, não mais chefe autoritário que manda
- motivador da 'aprendizagem pela descoberta', não mais avaliador de informações empacotadas a serem assimiladas e reproduzidas pelos alunos, ou simplesmente arquivadas
Mas, como bem disse José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, "continuamos a ensinar jovens do século XXI com professores do século XX e um paradigma do século XIX".
Para que todos tenham acesso à cidadania, a política de educação do governo atual deveria estimular e financiar a construção de telecentros públicos (locais gratuitos de acesso a internet e de aprendizagem de processadores de textos), equipar as escolas do ensino fundamental e do ensino médio com laboratórios de computação, capacitar em massa seus professores transformando-os em letrados digitais.
Além de garantir a cidadania plena, a aquisição do letramento digital se apresenta como uma necessidade educacional e de sobrevivência, uma vez que vivemos num mundo onde os computadores e as informações estão por toda parte.
É preciso conhecimento e sabedoria para usar a tecnologia, e não ser usado por ela...
Pais e professores devem adquirir letramento digital e orientar seus filhos e alunos, para que possam usar as ferramentas digitais com sabedoria.