quinta-feira, 30 de abril de 2015

Nativos digitais e letramento digital

Participando de um seminário sobre nativos digitais e letramento digital, eis minhas anotações/reflexões:
Um nativo digital é aquele que nasceu e cresceu com as tecnologias digitais (videogames, internet, telefone celular, mp3, ipod...) em seu dia a dia. Caracteriza-se principalmente por não necessitar do uso de papel nas tarefas com o computador.
Já o termo imigrante digital, é utilizado para definir as gerações anteriores, que viram essas tecnologias se desenvolverem, se solidificarem e se incluírem (as vezes contra vontade) em seu cotidiano. 

Mas, ser nativo digital significa ser letrado digital?
Para responder à questão, precisamos saber a diferença entre alfabetizado e letrado:
Alfabetizado é aquele que adquiriu a tecnologia de escrita, sabe decodificar os sinais gráficos de seu idioma, mas ainda não se apropriou completamente das habilidades de leitura e escrita.
Letrado é aquele que enxerga além dos limites do código, faz relações com informações fora do texto falado ou escrito, se apodera de suas vantagens e participa efetivamente das decisões de sua comunidade.
E há vários tipos de letramento...
Então, um indivíduo pode ser alfabetizado e não ser letrado.
Um indivíduo pode ser nativo digital e não ser letrado digitalmente. 
Para ser letrado digital, é preciso saber buscar informações na rede digital e, acima de tudo, saber avaliar as informações postas.

De acordo com Antonio Carlos dos Santos Xavier, doutor em linguística e professor na UFPE, o letramento digital se realiza no uso intenso das novas tecnologias de informação e comunicação e pela aquisição e domínio dos vários gêneros digitais (bate-papos por escrito, fóruns eletrônicos de discussão, comunidades virtuais, correio eletrônico, hipertextos...)

Segundo Tapscott, pesquisador americano, os nativos digitais, se forem orientados, tendem a desenvolver habilidades como: 
  • independência e autonomia na aprendizagem, 
  • abertura emocional e intelectual, 
  • preocupação pelos acontecimentos globais, 
  • liberdade de expressão e convicções firmes, 
  • curiosidade e faro investigativo, 
  • imediatismo e instantaneidade na busca de soluções, 
  • responsabilidade social, 
  • senso de contestação, 
  • tolerância ao diferente... 


E o professor agora precisa ser:


  • pesquisador, não mais repetidor de informação 
  • articulador do saber, não mais fornecedor único do conhecimento 
  • gestor de aprendizagens, não mais instrutor de regras 
  • consultor que sugere, não mais chefe autoritário que manda 
  • motivador da 'aprendizagem pela descoberta', não mais avaliador de informações empacotadas a serem assimiladas e reproduzidas pelos alunos, ou simplesmente arquivadas
Mas, como bem disse José Pacheco, idealizador da Escola da Ponte, "continuamos a ensinar jovens do século XXI com professores do século XX e um paradigma do século XIX".

Para que todos tenham acesso à cidadania, a política de educação do governo atual deveria estimular e financiar a construção de telecentros públicos (locais gratuitos de acesso a internet e de aprendizagem de processadores de textos), equipar as escolas do ensino fundamental e do ensino médio com laboratórios de computação, capacitar em massa seus professores transformando-os em letrados digitais.

Além de garantir a cidadania plena, a aquisição do letramento digital se apresenta como uma necessidade educacional e de sobrevivência, uma vez que vivemos num mundo onde os computadores e as informações estão por toda parte. 
É preciso conhecimento e sabedoria para usar a tecnologia, e não ser usado por ela...
Pais e professores devem adquirir letramento digital e orientar seus filhos e alunos, para que possam usar as ferramentas digitais com sabedoria. 

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